“Seu olhar nos conduz à beleza do que não é percebido…” Esse comentário publicado no Facebook é a síntese do que procuro ao fotografar.

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Em outro contexto, o banal é o tema recorrente na fotografia do pouco conhecido Saul Leiter. Ele transformava “um assunto aparentemente banal em “uma pastoral urbana única”, segundo o curador de artes plásticas e fotografia Martin Harrison, reconhecido como referência crítica do trabalho do pintor inglês Francis Bacon.

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Vivian Maier trabalhou por 40 anos como babá. Em seus dias de folga, com a sua Rolleiflex, fez mais de 150 mil fotografias, aparentemente, por hobby, como passatempo.  Foi “descoberta”, dois anos antes de sua morte. Os negativos foram digitalizados. Essas fotos, que retratam arquitetura e, principalmente, gente, foram expostas e publicadas em livros. Fizeram um documentário sobre ela (“Finding Vivian Maier”, 2013). A humanidade adora descobertas desse tipo.

 

São dois exemplos que fogem do espectro dos fotógrafos consagrados, como Henri Lartigue, Cartier-Bresson ou Sebastião Salgado. Em comum, em Leiter e Maier, está a capacidade de obter ou perceber a beleza no banal, no que se apresenta como ordinário, no sentido da palavra em inglês – “ordinary”= simples.

 

Nas minhas caminhadas diárias com o Johnny, meu cão, minha atenção se redobra para não tropeçar – depois da placa de titânio no pulso, consequência de um tombo em um passeio noturno com ele – nas mal cuidadas calçadas paulistanas e não pisar em cocô de cachorro. Recolho sempre os do meu, ao contrário de muitos, desprovidos de uma mínima civilidade.

 

Esse ficar atento por onde piso fez com que passasse a prestar atenção não apenas aos dejetos caninos, mas ao que chamo de “a natureza pequena”, imagens que passam despercebidas pela maioria das pessoas. É a visão de uma realidade particular. Depois de ganhar a minha primeira câmera Nikon de meu pai, foi um custo até conseguir ganhar uma lente macro. Não era barata. Sempre gostei do detalhe, das coisas e da vida. Não dizem que Deus está nos detalhes?

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